Os melhores discos nacionais de 2016


Este ano foram lançados, novamente, vários e bons álbuns nacionais. Houve regressos, estreias, surpresas e consagrações ao longo do ano. Dito isto, é sempre bom ouvir-se música feita no nosso país cheia de qualidade que merece sempre mais sucesso. Por isso, nós decidimos escolher os que consideramos que se destacaram mais, desde rock até ao fado. Fiquem a saber quais são os nossos 24 discos nacionais favoritos deste ano. Esta lista está por ordem alfabética e não por ordem de preferência porque todos os discos selecionados merecem ser destacados de forma igual.

Alek Rein - "Mirror Lane"



O heterónimo de Alexandre Rendeiro, inspirado no Fernando Pessoa, já contava com um EP na mala, “Gemini” que saiu em 2010 e 6 anos depois chega o LP. Em “Mirror Lane”, Alek Rein mostra o seu lado folk, rock e psicadélico com as músicas “Tigerskin/Triple Divide Peak”, “River of Doom” e “Pack of Wolves”. As letras poéticas permitem entrar no universo pessoal criado pelo próprio.

Bruno Pernadas - "Worst Summer Ever" & "Those Who Throw Objects at the Crocodiles Will Be Asked To Retrieve Them"



2016 foi o ano em que Bruno Pernadas decidiu lançar dois álbuns e, honestamente, são os dois tão bons que merecem estar nesta lista e escolher só um seria injusto."Worst Summer Ever" é um belíssimo álbum, sem nenhuma voz, de jazz. Já em ""Those Who Throw Objects at the Crocodiles Will Be Asked To Retrieve Them", Afonso Cabral, Francisca Cortesão e Margarida Capelo são as vozes nas palavras criadas por Bruno Pernadas e Rita Westwood. Num disco que viaja até às galáxias de pop e jazz.

Capitão Fausto - "Capitão Fausto Têm os Dias Contados"



No terceiro álbum, os Capitão Fausto confirmam-se como uma das bandas portuguesas recentes com mais sucesso. Pelo título do disco, "Capitão Fausto Têm os Dias Contados", até parecia que estavam a anunciar o fim de algo mas é apenas o princípio das coisas boas que virão para a banda. Em relação ao "Gazela" e ao "Pesar O Sol", as letras das músicas estão muito melhores e nota-se que o grupo cresceu e evoluiu bastante a nível musical. Algo que mostram sempre disco após disco.

First Breath After Coma - "Drifter"


2016 foi o ano em que os First Breath After Coma lançaram o seu segundo álbum de originais, "Drifter". Um álbum essencialmente indie, alternativo e de pós-rock que nos faz viajar num profundo mundo de incertezas. E que bem que sabe.

Fugly - "Morning After"


Em “Morning After” os Fugly dão-nos o seu garage-rock com músicas rápidas numa explosão de energia prontas para se fazer mosh e crowdsurfing, tanto em casa como nos concertos. “Waste My Time”, “Lecter” e “Bye Bye Blackbird” são alguns dos temas que transmitem que o punk ainda é relevante nos dias de hoje.
 

Galgo - "Pensar Faz Emagrecer"


"Pensar Faz Emagrecer" é o primeiro álbum dos Galgo e também podemos adiantar que foi um dos discos mais aguardados deste ano. Pelo menos para nós. Um disco que é marcado pelo instrumental carregado em fortes tons de bateria, guitarra, teclados e baixo. Ocasionalmente a voz junta-se mas é um disco essencialmente instrumental, como a banda sempre fez questão de marcar. O som dos Galgo é muito próximo a uma espécie de mistura que anda entre o rock e o dance-punk e que faz muito lembrar os famosos PAUS. Merece medalha de ouro este.

Gisela João - "Nua"


Apesar do fado ter o merecido cunho de Património Imaterial da Humanidade, a verdade é que nem sempre parece ser ouvido o quanto deve hoje em dia. A Gisela João é uma artista que nos faz querer ouvir e apreciá-lo bem. Em "Nua", a cantora coloca o poder da sua voz em cada palavra que canta numa maneira brilhantemente maravilhosa e bonita. Apenas com o seu segundo álbum, Gisela João já se afirma como uma das melhores artistas de fado no nosso país. 

Golden Slumbers - "The New Messiah"



As Golden Slumbers lançaram finalmente o seu álbum de estreia cerca de dois anos depois do EP "I Found The Key". No disco, as irmãs Falcão mostram a sua folk calorosa com as suas vozes numa perfeita harmonia e uma sintonia mais madura. "The New Messiah" é mais obscuro e profundo do que o EP, notando-se a evolução entre 2014 e 2016 do duo. O que se pode comprovar com os temas "Don't Listen", "Woke Up" e "Day By Day (I Learn To Pray)".

GrandFather's House - "Slow Move"


Os GrandFather's House são uma banda originária de Braga que lançou o seu primeiro álbum este ano, "Slow Move". São também uma das surpresas deste ano e por isso aconselhamos a que oiçam o primeiro trabalho. Soa a puro rock alternativo e é agradável para elevar os ânimos.


Jibóia - "Masala"



A cobra lançou finalmente o seu primeiro disco em 2016, dois EPs depois. Desde "Ankara" até "Oslo", Óscar Silva leva-nos numa roadtrip na sua fusão de ácidos psicadélicos e tropicais intercalados com os seus ritmos personalizados do Médio-Oriente. Algo a que já nos tinha habituado mas que em "Masala" surge de uma forma mais sólida. As influências orientais de Jibóia também são algo que dá muita vontade de dançar o que é conseguido no álbum todo.

Lotus Fever - "Still Alive for the Growth"  


Os Lotus Fever lançaram este ano o seu segundo álbum de originais, "Still Alive for the Growth" e merece indiscutivelmente um espaço na nossa lista de melhores álbuns nacionais do ano. Segue as pegadas do trabalho anteriormente, mantendo o mesmo progressivo a estamos habituados mas com um acréscimo de sons frescos e modernos e algo virados para uma espécie de synth rock. É de acrescentar que a voz do vocalista, Pedro Zuzarte, parece soar cada vez ainda melhor. Sim, é possível.

Nery - "33"



Em "33", Nery explora e mistura influências de eletrónica, hip-hop, jazz e soul de uma forma maravilhosamente especial e única que, aparentemente, não se ouviu nada igual este ano. O álbum também conta com colaborações que o ajudam a tornar ainda mais único, como Maria do Rosário, Alex Klimovitsky e Margo. O disco é uma experiência auditiva que junta vários géneros musicas de uma forma inesquecível.

Noiserv - "00:00:00:00"


"00:00:00:00" é um dos álbuns do ano e tudo começou quando o músico partiu o pé e ficou preso em casa a recuperar. Limitado em termos de instrumentos, Noiserv pega no seu piano e é mesmo isso que o álbum é. Piano e Noiserv. A sonoridade é diferente mas é um dos mais belos trabalhos que ouvimos este ano e tudo graças ao acidente que David Santos sofreu a jogar basquetebol. Vale a pena ouvir.

Octa Push - "Língua"



O segundo álbum da dupla Leonardo e Bruno Guinchon concretiza a mistura ideal entre música eletrónica e música africana. "Língua" está repleto de ritmos que convidam a dançar e de linguagens culturais. Com os temas "LGS-LX", "Trips Makakas", "Gaia Cósmica" e "Mana", os Octa Push mostram as suas melhores influências musicais e culturais, sendo um disco com história.

Rapaz Ego - "Gente a Mais"


 
Rapaz Ego é o projeto a solo do Luís Montenegro dos Salto que no EP  “Gente a Mais” escreve, compõe, toca, grava, mistura e masterizada tudo sozinho. Apenas com seis músicas, o Rapaz Ego deixa-nos entrar no seu mundo alternativo de mágoa psicadélica. O tema “Gigantes da Montanha” lembra o rio Douro, “Solstício” (uma canção instrumental) traz a memória do verão e “Ainda Tenho Mentiras Por Contar” fala sobre o seu ego.

Toulouse - "Yuhng"



Quando lançaram a música "Tero!" em 2014, os Toulouse apresentavam-se como uma das novas de indie rock e surf pop portuguesas. Agora com o disco de estreia, "Yuhng", a banda realiza um punk suave ainda com algumas influências rock e surf pop. As músicas "Juniper", "Doe" e "Sonder" são alguns exemplos do som sonhadoro do quarteto.


Salto - "Passeio das Virtudes"


Os Salto lançaram o seu segundo álbum, "Passeio das Virtudes", este ano mostrando a evolução adquirida nos concertos, e a mudança de um duo para um quarteto desde o lançamento do disco homónimo em 2012. Com um primeiro álbum que percorria os caminhos da electro-pop, no segundo conseguiram alcançar uma sonoridade mais rock e com refrões pop que continua a ser única dos Salto. Era uma evolução um pouco natural que foi bem realizada.

Sean Riley & The Slowriders - "Sean Riley & The Slowriders"


Depois de algum tempo sem lançar qualquer trabalho novo, os Sean Riley & The Slowriders voltaram este ano com álbum homónino. À base de piano como não haveria deixar de ser, a banda voltou a fazer tons marcantes e que merecem ser ouvidos. Viagens entre o rock, blues e folk que não podem perder.

Sensible Soccers - "Villa Soledade"


Os Sensible Soccers passaram a trio mas nem assim deixaram de fazer discos que merecem destaque no meio dos demais. "Villa Soledade" é a prova que seja trio ou quarteto, os Sensible Soccers sabem como fazer fusões perfeitas que dão origem a viagens musicais incríveis pelo mundo da banda. Entre o passado e o presente vivido neste disco, existe uma tentativa bem executada de fusão que anda entre o space-rock, música ambiental e o acréscimo de eletrónica que pede sapatos de dança. Divinal.

Sequin - "Eden"


Depois de lançado o primeiro álbum de Ana Miró em 2014, já era hora de ouvir algo novo deste seu projeto. Eis que Ana Miró não deixou mais tempo passar e no início do ano lançou "Eden". O EP tem 5 canções em tons mais obscuros e pesados que os temas do primeiro álbum deste projeto. Fora estas diferenças, uma coisa é certa: não há necessidade para grandes preocupações. Ainda se dá para dançar ao som dos novos temas.


Youthless - "This Glorious No Age"



Os Youthless lançaram o seu aguardado álbum de estreia em março deste ano. Num disco que junta tudo o que o duo fez anteriormente ao lançamento e todas as inspirações que o influenciaram, “This Glorious No Age” também mostra o melhor do garage-rock psicadélico que faz. O álbum demorou a chegar mas os Youthless estão aqui para ficar.

You Can't Win, Charlie Brown - "Marrow"



Com "Marrow", os You Can't Win, Charlie Brown deixaram a sua folk serena para trás e viraram-se um pouco para a eletrónica. As novas músicas, como, "Above The Wall", "Bones" e "Mute" não estão super eletrónicas ao ponto em que nem soam à banda, mas estão mais dançáveis e animadas. O grupo mudou a sua sonoridade de uma maneira bem conseguida neste disco.O Charlie cresceu e não se perdeu.


Zanibar Aliens - "Bela Vista"



Depois de um EP em 2014, o primeiro disco dos Zanibar Aliens chegou este ano. "Bela Vista" é um álbum de rock que vai buscar inspirações aos primórdios do género porque às vezes é bonito voltar-se às origens. Com apenas algumas, como, "Bongsmoker", "Baby I Can't Let You Go" e "Is It Crime", Carl Karlsson, Filipe Karlsson, Martim Seabra, Diogo Braga, e Ricardo Pereira levam-nos numa viagem ao psicadelismo dos anos 70.


Texto: Iris Cabaça & Alexzandra Souza
Imagem: Iris Cabaça
Os melhores discos nacionais de 2016 Os melhores discos nacionais de 2016 Reviewed by Watch and Listen on dezembro 24, 2016 Rating: 5

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